Sem ‘aula’ e sem diploma. Fundada por magnata francês, método é apoiado por gigantes do Vale do Silício; no Rio e em SP, unidades terão 800 vagas gratuitas
Até o ano passado, Renato Querino tinha o que considerava uma vida “bem encaminhada”. Recém-casado, estava se formando em análise de sistemas e trabalhava havia quatro anos em um grande banco. Tudo mudou quando ouviu falar de uma escola de programação criada na França. Sem professores e sem exigências prévias, a École 42 tinha caído nas graças dos recrutadores das principais empresas de tecnologia, interessados em alunos capazes de aprender código resolvendo desafios. Querino largou o emprego e mudou para o Vale do Silício, onde a escola abriu sua segunda unidade. Tivesse esperado um pouco mais, poderia ter ficado no Brasil: em agosto, duas unidades da École 42 começarão a operar por aqui, no Rio e em São Paulo.
Independentes entre si, as duas unidades poderão receber mais de 800 alunos – serão 450 na capital fluminense e 360 estudantes em São Paulo. O Brasil será o 14º país a receber a marca, fundada em Paris em 2013. No Vale do Silício, onde estuda Querino, há 1,5 mil pessoas. Assim como em todo o mundo, os cursos da École 42 no País serão gratuitos. Mas a dedicação é alta: na média, os estudantes passam cerca de 50 horas por semana dentro da 42.
Caminho para se formar na 42 é nada suave
Querino e Fernanda enfrentam o método heterodoxo da escola, criada para formar engenheiros de software. No lugar de professores, aulas e diplomas, os alunos cumprem desafios de programação. Cada desafio consiste em um módulo – ao todo, são 21 deles, que ficam mais difíceis à medida que o aluno avança. No geral, o curso é completado ao longo de três anos, em uma média de oito horas diárias de estudo.
Entrar na 42 também é um desafio. Em São Paulo, onde as inscrições estão abertas, há três etapas. O primeiro é fazer um teste online: um jogo de memória, ao estilo do Genius. Depois, é preciso participar de uma apresentação. Quem for selecionado vai para um pré-curso de imersão, apelidado de “piscina”.
École 42 foi criada com recursos a fundo perdido
“Hoje, a educação francesa não funciona. Está travada entre as universidades públicas, que não ensinam o que os negócios precisam, e as universidades privadas, que não dão vazão aos talentos dos alunos.” Foi assim que o magnata francês das telecomunicações Xavier Niel definiu, em 2013, porque criou a 42 – o nome vem de uma piada da série literária O Guia do Mochileiro das Galáxias, de Douglas Adams.
Não é uma empresa, mas uma fundação privada sem fins lucrativos. Niel diz que não pretende ganhar dinheiro com educação, mas com os estudantes que formar. Estruturou um fundo de € 50 milhões e os aplicou na escola, a fundo perdido.
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